segunda-feira, 1 de setembro de 2008

PROJETOS DE APRENDIZAGEM

Todo o embasamento teórico, feito a partir das leituras, áudios e discussões feitas em sala de aula e também fora dela, nas atividades à distância solicitadas pelo curso, rendeu uma boa discussão que, além de produtiva, foi desencadeando outras questões polêmicas relacionadas aos Projetos de Aprendizagem.
A proposta de se trabalhar com Projetos de Aprendizagem é viável, mas para isso precisamos romper com estruturas já definidas, dentre elas as próprias grades programáticas de cada série, pois ao optarmos por projetos de aprendizagem, o trabalho a ser desenvolvido pode “fugir” de uma seqüência pré-estabelecida, tomando rumos, muitas vezes, inversos ao caminho traçado.
Desenvolvendo projetos de aprendizagem, o aluno, como agente do processo, pesquisando, analisando, refletindo, buscando informações sobre questões do seu interesse, vai produzir o conhecimento e se envolver nas atividades propostas, pois o que estuda condiz com a sua realidade, faz parte do seu mundo, vai responder suas dúvidas, satisfazer suas curiosidades iniciais e gerar novas questões para serem problematizadas e averiguadas, pesquisadas...
Para modificarmos a realidade que temos, de um ensino praticamente tradicional, precisamos de estudo e da mudança de nossa própria prática, requerendo tempo para que haja encontros e troca de experiências entre colegas.
Salientamos que a mudança é um processo gradativo, trabalhoso, mas o importante é dar os primeiros passos para que realmente os projetos de aprendizagem tornem-se uma realidade no cotidiano escolar.
Com plena certeza, a partir do momento em que nós, professores, deixarmos de pensar que somos os detentores do saber e oportunizarmos ao aluno envolver-se mais como agente do processo construtivo do conhecimento veremos que sua passagem pela escola foi mais significativa e isso perdurará no tempo, pois se tornará um verdadeiro cidadão, responsável, autônomo, comprometido, mesmo estando fora da escola( veremos os frutos do que semeamos e nosso educando agradecerá as oportunidades de crescimento a ele oferecidas).
Analisando mais especificamente o texto “Projetos de Aprendizagem: prazer em ensinar e aprender”, escrito pela professora Eveline de Souza Eberle, percebe-se a importância de trabalharmos na escola com Projetos de Aprendizagem (ou PA), cujo “processo de estudo/investigação nasce dos interesses e necessidades dos alunos, e busca a aprendizagem significativa, metodologia esta diferenciada, voltada à interação, problematização, onde o aprendiz é desafiado a questionar, precisando pensar para expressar suas dúvidas”.
E pensar hoje, no cotidiano escolar, é uma atividade que raramente acontece. Nossos alunos estão acostumados com respostas “prontas”, conteúdos “mastigados”, estão desestimulados, acomodados, anestesiados e poucos demonstram criatividade e expõem suas curiosidades e argumentos.
Percebemos também que trabalhamos na escola, na maioria das vezes, não com projetos de aprendizagem, mas com projetos de ensino, onde os professores e/ou coordenação pedagógica escolhem o tema a ser estudado, satisfazendo ao arbítrio da seqüência de conteúdos do currículo, onde as definições de regras e atividades são impostas pelo sistema e simplesmente se cumpre determinações sem optar. Assim, o conhecimento não é construído, o professor apenas transmite o que sabe, onde poderia ser estimulador/orientador do processo e o aluno agente deste e não mero receptor.

Culpar quem? Não se tem aqui o objetivo de determinar os culpados pela equivocada prática de ensino, que transforma o aluno perguntador em um mero receptor passivo. Digo transforma porque a criança, ao longo de seu crescimento e desenvolvimento, tem por característica “bombardear” os adultos de questionamentos e as respostas sempre parecem insuficientes.
É preciso buscar alternativas para mudar esse cenário educacional e, com certeza, o caminho nos conduz aos projetos de aprendizagem, trabalho este que vem demonstrando (através de artigos escritos e trabalhos já publicados e disponíveis, inclusive na internet) que é possível ensinar e aprender de forma prazerosa, onde alunos e professores individualmente e, ao mesmo tempo, em cooperação, escolhem o tema a ser estudado/investigado e se leva em conta a realidade de vida dos educandos, onde o aprendiz satisfaz suas curiosidades, desejos e vontades, revela sua criatividade e no decorrer do processo, descobre potencialidades até então desconhecidas, compreendendo os mais variados assuntos numa relação interdisciplinar, além da integração de novas tecnologias que auxiliam na construção do conhecimento e inclusão no mundo digital, tecnologias estas cada vez mais presentes na vida das pessoas e no cotidiano escolar.

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